13 luglio 2010

Portogallo 1942, caccia al telegrafista-spia

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Una storia incredibile come solo le storie delle attività spionistiche della Seconda guerra mondiale sanno essere. Lo scorso anno, quando la desecretazione di alcuni documenti dell'MI5 britannico avevano fatto emergere la vicenda di una spia portoghese (quindi teoricamente neutrale) al servizio dei Nazisti, la vicenda di Gastão de Freitas Ferraz mi era sfuggita. Ora la ritrovo per uno strano collegamento con un altro personaggio, questa volta italiano (ma presunto figlio illegittimo del re di Spagna Alfonso XIII) che ebbe un ruolo in Spagna e Portogallo come addetto consolare e venne coinvolto nelle attività dei servizi segreti militari. Il personaggio in questione, Arturo Omerti, viene descritto insieme ad altri in un libro del giornalista televisivo Rui Araùjo, "O diário secreto que Salazar não leu", pubblicato nel 2008.
Araùjo ha basato il suo libro dai diari di Guy Liddel, capo del controspionaggio britannico durante la Guerra e uno dei suoi obiettivi è raccontare le relazioni occulte tra il governo autoritario di Salazar e il Terzo Reich.
Ma torniamo a Freitas Ferraz. L'anno successivo l'uscita del libro di Rui, la riapertura degli archivi dell'MI5 permette di fare ulteriore luce su un episodio fondamentale nel corso degli avvenimenti che nel novembre 1942 precedettero lo sbarco alleato nell'Africa occupata dai tedesci, la cosiddetta Operation Torch.
Dagli archivi emerge il nome di Gastão de Freitas Ferraz, radiotelegrafista a bordo di una nave, la Gil Eanes, che navigava in appoggio alla flotta di pescherecci "bacalheiros" portoghesi. Gil era stato assoldato dai tedeschi per mandare via radio rapporti sulle attività navali nell'atlantico. Ma grazie alla missione Ultra, gli Alleati avevano intercettato i messaggi del buon Freitas Ferraz e conoscevano la sua funzione. Pochi giorni prima dello sbarco la Gil Eanes si trova in una zona molto vicina a quella delle operazioni di trasferimento di mezzi in preparazione allo sbarco di Operation Torch. Gli Alleati sanno che c'è il rischio, molto concreto, che Freitas riferisca quei movimenti, mettendo la pulce nell'orecchio dei tedeschi e rovinando l'effetto sorpresa. La scelta a questo punto è tra due alternative: affondare la Eanes senza lasciare alcuna traccia (ma è una nave di una nazione neutrale) o cercare di bloccare il radiotelegrafista. Alla fine gli Inglesi optano per la seconda ipotesi: la Duke of York intercetta la nave appoggio, arresta Freitas Ferraz e lo imprigiona a Gibilterra. Neutralizzato il radiotelegrafista neutrale, lo sbarco delle truppe in Africa si concluderà con successo, imprimendo una svolta definitiva alla Guerra.
Vi lascio alla lettura di due testimonianze. L'articolo del Times che parla dei documenti desecretati nel 2009 e un post di un incredibile blog portoghese dedicato alla pesca del sublime bacalhau nella località di Caxinas (Vila do Conde, Porto)… "de "Lugar" a Freguesia", che riporta un estratto della vicenda così come è stata ricostruita nel libro di Rui Araùjo.

March 3, 2009
Declassified MI5 file shows Nazi spy almost changed course of war
Michael Evans, Defence Editor

A Nazi spy came within days of uncovering one of the Allies' most important missions and possibly changing the direction of the Second World War.

The story of a Portuguese wireless operator and the dramatic decision to pluck him
from his vessel on the high seas to prevent him from betraying the position of a huge convoy bound for North Africa is revealed for the first time in a declassified MI5 file released by the National Archives.
Gastao de Freitas Ferraz was being paid by German intelligence to send coded messages about convoys to U-boat commanders and was on the tail of the Allied warships.
The convoy included the USS Augusta, an American light cruiser that was carrying no less a person than General George S.Patton. General Patton was at that time in command of Operation Torch, the planned invasion of French North Africa, which was aimed at destroying the Axis forces fighting the British there and improving naval control of the Mediterranean.
The Allies considered Operation Torch so important that they fed the Germans with false intelligence: their double agent Garbo told the Germans that the Allies were planning an attack in either northern France or Norway.
Ferraz, who had been transmitting encrypted messages from his fishing boat, Gil Eannes, in the Atlantic, unwittingly had it in his power to sink the Allies' plans by reporting the size and direction of the convoy. But unknown to the Germans, the messages were being intercepted and deciphered by the codebreakers at Bletchley Park, Buckinghamshire. On August 9, 1942, MI5 was sent a “most secret” letter that referred to the “alleged unneutral behaviour” of a certain Portuguese wireless operator. Gil Eannes, a former Portuguese warship, was part of a large fleet authorised to operate in the Atlantic because of Portugal's neutrality. On June 28, 1942, it sailed out of Lisbon for Newfoundland and on its arrival there was searched. Nothing suspicious was found and neither Ferraz nor the other radio operator on board showed any sign of guilt. No orders were given at this stage to detain them because the only evidence about coded radio messages from the vessel was based on the most secret source of all - the Ultra material gleaned from the Enigma machines.
Sir David Petrie, the director-general of MI5, was personally involved in assessing the risk and on October 24 MI5 wrote to the Foreign Office: “There is no possible room for doubt that de Freitas is a German agent.” MI5 asked for Gil Eannes to be intercepted at sea: “You will, of course, appreciate that if any action is to be taken, it must be taken forthwith.”
With the fishing vessel getting closer to the Operation Torch convoy, the Foreign Office agreed, and the Admiralty sent out a secret signal to all relevant commands: “If the vessel is sighted West of 11 degrees West, she should be ordered not to use W/T [wireless transmission], de Freitas [Ferraz] should be removed and in order to ensure that no further use of W/T is made, an armed guard should be put on board.”
The warship HMS Duke of York duly intercepted Gil Eannes and Ferraz was detained and taken to Gibraltar. He was transferred to MI5's interrogation centre at Camp 020 in Ham, West London, where he confessed. After the war he was deported to Portugal.
Christopher Andrew, the official biographer of MI5, said: “Gastao de Freitas Ferraz was on the tail of Patton's troops and would have told the Germans where they were really going and could have affected the outcome of the whole war.”

***

"Afundar sem deixar vestígios"

(…)
Rui Araújo explica: "A solução drástica (...) proposta pelo MI5 é proporcional à ameaça: o navio podia divulgar aos alemães o itinerário dos comboios de tropas para a operação `Torch`, (invasão aliada) no Norte de África".
"Na medida em que o Gil Eannes podia representar o fracasso de uma ofensiva e causar milhares de baixas militares, a morte de algumas dezenas de pescadores portugueses é considerada um mal menor", adianta o jornalista no livro.
Os ingleses acabaram por capturar Gastão de Freitas Ferraz a bordo do Gil Eanes no alto mar, cinco dias antes do desembarque a 8 de Novembro de 1942, das tropas britânicas e norte-americanas sob o comando do general Dwight D. Eisenhower em Marrocos e na Argélia, que estavam ocupados por tropas da Alemanha e do regime francês pró-nazi de Vichy.
Visando abrir uma segunda frente face aos nazis envolvidos na URSS, o sucesso da operação "Torch" constituiu um movimento de viragem na Segunda Guerra Mundial.
Ficheiros secretos britânicos divulgados esta semana pelos Arquivos Nacionais do Reino Unido contam a história da captura de Gastão de Freitas Ferraz, levado primeiro para Gibraltar e depois para o Reino Unido para ser interrogado.
O ficheiro do MI5 inclui um depoimento biográfico na primeira pessoa e a confissão.
No diário de Guy Liddell, a 9 de Dezembro de 1942, pode ler-se: "Após alguma casmurrice, Gastão de Freitas, o radiotelegrafista do GIL EANNES, confessou. (...) foi sondado por um Fernando Rodrigues, que o convidou a encontrar-se com um alemão chamado SCHMIDT, que lhe ofereceu 1.500 escudos por mês para enviar mensagens via rádio, relatando o que observasse enquanto no mar".
"Posteriormente, foi treinado no uso de um código. Admitiu ter enviado duas mensagens na sua segunda viagem, uma das quais relacionada com navios no porto de S. João da Terra Nova", adianta o diário, citado no referido livro, que reproduz o texto da confissão de Freitas Ferraz.
A propósito do convite de Rodrigues, o espião declara: "(...) era a forma de eu ganhar mais algum dinheiro. Como estava com a vida atrapalhada (...), eu a princípio rejeitei, mas infelizmente no final anuí".
E ainda: "Desejo declarar por ser verdade que nunca denunciei qualquer navio em viagem nem tão pouco qualquer comboio pois que repugnava fazê-lo (...)", para terminar "Pedindo todo o perdão a V. Exa".
Rui Araújo diz que Robin Stephens, que foi comandante do centro de interrogatórios do MI5 Camp 020, onde esteve Freitas Ferraz, concluiu após a confissão: "Se há um homem que merece morrer por ser espião é ele".
No entanto, Gastão de Freitas Ferraz não foi condenado à morte e acabou por ser deportado para Portugal em Setembro de 1945.
No livro são ainda reproduzidas duas cartas, de uma filha do espião ao embaixador de Portugal em Londres (13 de Novembro) pedindo informações sobre o pai e do Sindicato Nacional dos Radiotelegrafistas, Telegrafistas e Ofícios Correlativos a Salazar solicitando a libertação do seu presidente Gastão de Freitas Ferraz (24 de Novembro).
Nesta última pode ler-se sobre Freitas Ferraz: "Pessoa ponderada, irrepreensível na sua conduta quer particular quer oficial, nunca tivemos ocasião de notar qualquer facciosismo arreigado por um ou outro beligerante".
"Como graduado da Legião Portuguesa, sempre o vimos norteado nos sãos princípios do Estado Novo e na palavra do CHEFE. Por tudo isto, custa-nos a crer numa desobediência aos princípios da neutralidade definidos por Vossa Excelência", adianta a direcção do sindicato.
A notícia do Diário de Notícias que dava conta da chegada a Portugal de Freitas Ferraz, citada por Rui Araújo, indica que aquele foi "alvo de suspeitas no desempenho das suas funções", mas que "nada se provou" contra ele.»

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